Não é Azul Mas é Mar

1987
No disco “Não é azul mas é mar”, a dolorosa resistência sul-africana contra o Apartheid não apenas abre os trabalhos na poderosa balada “Soweto”, como desta vez, de forma direta, crua, transforma o sofrimento em lição para todo o mundo.

Essa foi, certamente, a primeira “canção de protesto” de Djavan. A ancestralidade africana, já presente em outras canções, volta nos vocais em yourubá que a embalam, mas é em português como sempre que o autor expressa sua visão das coisas do mundo. Como suas próprias músicas e carreira o levaram para o mundo, em “Soweto” o artista globaliza a temática de suas canções.

É nesse trabalho que Djavan retoma a parceria com Ronnie Foster, o mesmo produtor de “Luz”. O disco esteticamente situa-se num meio termo entre os outros dois anteriores, nem tão soul quanto “Luz”, nem tão eletrônico quanto “Lilás”.

De maneira extrovertida, a globalização também está nas canções “Real”, pop resultado da primeira parceria com um compositor estrangeiro, o japonês Tetsuo Sakurai, do grupo Casiopea, e na música de pegada caribenha “Doidice”, que contém os versos finais em espanhol.

Outras imagens “marítimas” e “viajantes” aparecem como metáforas na canção “Navio”, primeira parceria com os filhos músicos e futuros parceiros constantes Flavia Virginia e Max Frederico Viana.

Como indica o nome do álbum, “Não é azul mas é mar” é o mais poético dos discos de Djavan.
Hugo Sukman
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